quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Tráfico de pessoas na PB é preocupante, diz especialista.

Mais de 15 paraibanos foram recrutados por uma rede de tráfico.

Mais de 15 paraibanos foram recrutados por uma rede de tráfico de pessoas para serem explorados sexualmente na Europa. A informação foi revelada na última terça-feira por um professor do Centro de Ciências Jurídicas da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que prestou depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), na Câmara Federal, em Brasília, sobre o tráfico de pessoas no Brasil.
A pesquisa do professor Sven Peterke revela um diagnóstico do tráfico de pessoas na Paraíba, entre os anos de 2005 e 2011.
Segundo o pesquisador, o maior número de ocorrências estão relacionadas à exploração sexual de crianças e adolescentes, que são levados a trabalhar na Europa, sobretudo na Itália, como travestis. O professor revela ainda que a quadrilha de aliciadores chegaria a faturar mais de 6 milhões de euros por ano.
De acordo com o depoimento de Sven Peterke, promotores da cidade de Guarabira, no Agreste paraibano, investigam as denúncias e atestam que quando enviadas para a Europa, as vítimas eram obrigadas a fazer até dez programas por noite, o que daria uma renda de 1.500 euros. “Uma vítima trabalhando 300 dias por ano poderia render 450 mil euros. Como foram 15 vítimas identificadas até agora, o valor poderia ultrapassar 6 milhões de euros ao ano”, revela o pesquisador.
Os promotores citados no depoimento deverão ser convocados para prestar depoimento na CPI, que deverá apresentar o relatório até dezembro.
Sobre a pesquisa e as denúncias reveladas na CPI pelo professor Sven Peterke, o secretário de segurança e defesa social do estado, Cláudio Lima, afirmou que a Secretaria ainda não foi comunicada sobre os casos e que não existem investigações sobre o tráfico de pessoas na Paraíba. “Essa pesquisa nunca foi apresentada à Secretaria e não temos registro de que o tráfico de pessoas aconteça na Paraíba. Mas, se forem comprovados os indícios, podemos instaurar um inquérito para apurar as denúncias”, finaliza.
NOVA AUDIÊNCIA
O deputado Luiz Couto (PT-PB) deverá apresentar requerimento para que os procuradores de Guarabira sejam ouvidos na Câmara. O parlamentar adiantou que, ao final dos trabalhos da CPI, serão apresentadas propostas para alterar a legislação penal sobre o tráfico de pessoas.

"Nós temos que enfrentar essa questão, penalizando também aqueles que aliciam, que manipulam, que fazem propaganda enganosa oferecendo sonhos quando na verdade, o que muita gente vai ter, são pesadelos."
Luiz Couto também afirmou que os benefícios econômicos trazidos pela prostituição fazem as famílias das vítimas relevarem a situação. “Muitos familiares não perguntam de onde veio o dinheiro, muitas vezes não querem nem saber o que seus familiares foram fazer em outros países”, denunciou Couto.
A CPI do Tráfico de Pessoas deve apresentar seu relatório no final do mês de dezembro.

EXPLORAÇÃO SEXUAL
O Plenário da Câmara aprovou, na última terça-feira, a prorrogação por 60 dias da comissão parlamentar de inquérito (CPI) que investiga a exploração sexual de crianças e adolescentes e já realizou audiência pública na Paraíba. O requerimento de prorrogação foi apresentado pela presidente da CPI, deputada Erika Kokay (PT-DF).

“O objeto da CPI é bastante abrangente, na medida em que aponta para uma investigação de crimes de exploração e abuso sexual de crianças e adolescentes em todo o País”, diz a deputada. “Assim, os 120 dias do prazo original, que expiram no próximo dia 13 de outubro, foram insuficientes para concluir toda a investigação almejada pela CPI”, acrescentou.
Erika Kokay afirma que a comissão vai dar continuidade à realização de audiências públicas nos estados. “Além das reuniões realizadas em Brasília, a comissão já fez diligências e audiências públicas em estados como o Rio Grande do Norte e a Paraíba, devendo ainda visitar outros Estados onde se situam os pontos mais críticos quanto à prática desses crimes", ressaltou a deputada petista. (Com informações da Agência Câmara de Notícias)
Fonte: JP

António Góis

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