Percentual de etanol na gasolina vai aumentar de 20% para 25%; a previsão é que esta mudança ocorra no mês de abril.
A diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard, anunciou ontem que o percentual de etanol na gasolina vai aumentar de 20% para 25%. A previsão é que esta mudança ocorra no mês de abril, após o fim da safra da cana-de-açúcar.
O presidente executivo do Sindicato da Indústria de Álcool da Paraíba, Edmundo Barbosa, afirmou que esta notícia "é motivo de comemoração". Contudo, ele frisou, porém, que dificilmente o acréscimo de etanol na gasolina vá influenciar na queda do preço do combustível.
“É improvável uma queda no preço da gasolina por conta dessa elevação, pois a Petrobras já solicitou reajuste no valor do combustível e o governo federal negou. O que pode ocorrer é que o aumento da gasolina, que deve ser de 15% este ano, possa ser postergado, reduzindo o valor da inflação”, explicou.
Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontam queda na produção do álcool anidro na safra 2012/2013 na Paraíba. O volume previsto é de 134,8 milhões de litros, uma queda de 9,91% sobre a safra anterior.
Segundo Edmundo Barbosa, a Paraíba é o terceiro maior produtor do Nordeste na fabricação de etanol e o setor é responsável por 4,5% da arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Edmundo Barbosa explicou que nos últimos anos os empresários do ramo enfrentavam uma crise, inclusive na Paraíba por conta das decisões do governo federal.
Em 2010, a Usina Una, situada em Sapé, fechou as portas e teve que demitir todos os seus 3.000 trabalhadores.
Segundo Edmundo, a crise no setor teve início em outubro de 2011, quando o governo federal diminuiu de 25% para 20% a mistura de etanol na gasolina devido a uma quebra da safra de cana-de-açúcar pelo tempo adverso no Centro-Sul e por investimentos insuficientes nos canaviais. Com isso, a Petrobras passou a importar gasolina.
No ano passado, as importações deste produto dispararam, somando 3,78 bilhões de litros - um volume 70% superior ao de 2011. Essas compras externas fizeram o país gastar US$ 2,91 bilhões com esse combustível. No ano anterior, o gasto havia sido de US$ 1,6 bilhão.
A Petrobras defende o aumento da mistura com o objetivo de reduzir a necessidade de importação de gasolina, que onera o caixa da companhia.
Segundo Edmundo Barbosa, a crise atual nas indústrias de etanol são reflexos da decisão do governo federal em 2011. “Desde 2008 nenhuma usina de álcool foi instalada no país e hoje 85 delas estão à venda. A redução da safra no Estado, nos últimos três anos, foi de 15%. Só temos que comemorar esta nova decisão”, afirmou.
Edmundo Barbosa afirmou que 26 municípios paraibanos são produtores de cana-de-açúcar e no Estado existem oito usinas de etanol. Elas estão situadas em Caaporã, Pedras de Fogo, Santa Rita, Mamanguape e Mataraca.
“Esse setor gera seis vezes mais empregos do que a gasolina, promovendo renda para vários municípios. No Estado, o setor do álcool e cana-de-açúcar gera 40 mil postos de trabalhos”.
Mesmo comemorando a decisão da ANP, Edmundo Barbosa disse que é cedo para se falar em aumento da produção.
“A produção não pode ter um acréscimo de maneira repentina porque necessita de recursos, mas esta notícia é um incentivo para o aumento da produção. É algo animador”, concluiu.
Fonte: JP
António Góis
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