segunda-feira, 4 de março de 2013

Chuvas trazem insegurança para mais de 60 mil pessoas na Paraíba.

Em todo o Estado, as histórias de medo se repetem e só tendem a se agravar, tendo em vista a proximidade do período chuvoso.

Uma ‘bomba-relógio’ que pode explodir a qualquer momento. Essa é a sensação enfrentada por mais de 60 mil pessoas de seis cidades paraibanas que moram em mais de 70 comunidades localizadas em áreas de risco de enchentes, deslizamentos ou desmoronamentos. Em todo o Estado, as histórias de medo se repetem e só tendem a se agravar, tendo em vista a proximidade do período chuvoso. 

No Sertão, essa época já chegou, mas não deve fazer estragos maiores que os da seca; no Agreste, Brejo e Litoral, porém, a contagem regressiva está aberta, já que deve começar a chover em abril. Apesar dos tristes exemplos de anos anteriores, as ações governamentais não têm superado o mero caráter paliativo ou emergencial, embora os gestores possam ser responsabilizados administrativa e criminalmente por sua omissão. 

Por outro lado, alegam os prefeitos, a falta de verbas é uma realidade, o que impede que essas famílias sejam postas em locais seguros.

Medo é revivido a cada nova cheia

Tudo que Josefa Sousa queria era viver em paz em sua casinha de tijolo e taipa, localizada na comunidade Coreia, no município de Bayeux. O problema é que, desde a “cheia” que tomou conta da vizinhança, em junho passado, ela sequer consegue dormir à noite. Os enormes buracos nas bases de todas as paredes dão a impressão de que aquilo tudo pode vir abaixo a qualquer momento. Da prefeitura, só ouviu que poderia voltar para casa, oito dias depois do alagamento, enquanto ainda estava abrigada em uma escola municipal, localizada nas proximidades.

A situação é tão séria, que o filho – a quem é tão apegada –, ela já perdeu para o medo. O jovem de 19 anos abandonou amigos, parentes e estudos, porque “não queria morrer”. Foi para Sapé, viver com a tia. Já dona Josefa, sem ter para onde ir, espera, com o marido, alguém que lhe estenda os braços. “Queria que ajeitassem minha casa ou que me tirassem daqui”, desabafou durante a primeira visita da reportagem, ainda em janeiro deste ano. Quase dois meses depois, nada mudou. “O barro (das paredes) que caiu mais”, denunciou.

O sonho de Dona Josefa, de ter um lar seguro, pode ser simples, até porque ela nunca teve grandes ambições. Entretanto, a grande dificuldade começa pelo fato de que os prefeitos alegam não ter verbas para construir casas seguras. Não bastasse isso, a questão vai mais além: nem a própria Defesa Civil estadual tem um levantamento das áreas de risco paraibanas nem de quantas pessoas nelas vivem, porque “as cidades não repassam os dados”. Nas prefeituras, entretanto, o quadro não muda muito. Em dois dos seis maiores municípios consultados – Patos e Santa Rita –, a reportagem não conseguiu sequer saber o número de localidades nessas condições. Em Patos, por exemplo, o gestor da Defesa Civil disse não saber da situação, pedindo que entrasse em contato com o coordenador do governo anterior.
Fonte: PC

António Góis

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