terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Falta especialização para médicos na Paraíba.

Estudo realizado pelo CFM mostra que 46,04% dos médicos paraibanos não possuem título de especialista obtido após conclusão de residência.

Dos 5.259 médicos em atividade na Paraíba, 46,04% (2.421) não têm título de especialista emitido por sociedade de especialidade ou obtido após conclusão de Residência Médica. Por outro lado, 53,96% dos profissionais têm uma ou mais especialidades. Os dados fazem parte do estudo 'Demografia Médica - volume 2', produzido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que em nível nacional mostrou 54% dos médicos (207.879) com uma ou mais especialidade, contra 46% (180.136) sem título de especialista.
De acordo com o CFM, o dado é preocupante, pois evidencia a deterioração da qualidade do ensino médico e a falta de vagas nas Residências Médicas para todos os egressos dos cursos de graduação.
Excluindo-se os médicos mais jovens, que ainda não ingressaram ou não concluíram seus cursos de especialização, e os mais velhos, que desistiram de tentar vagas em residência ou não se submeteram aos atuais mecanismos de especialização, restam 88.000 médicos sem título no Brasil. Este contingente, com idades que variam de 30 a 60 anos, é o mais prejudicado pelas deficiências no acesso à Residência Médica.
"Cabe ao Governo proporcionar um sistema formador em condições de atender essa demanda reprimida e os futuros egressos das escolas. Todos devem ter a possibilidade de aperfeiçoar sua formação, o que resultará em benefícios diretos para o paciente e a sociedade", lembra o presidente do CFM, Roberto Luiz d'Avila.
Para ele, não adianta apenas criar vagas em cursos de medicina, mas se deve assegurar uma estrutura de pós-graduação em número e qualidade suficientes. "Ao terem acesso ao aprimoramento e atualização profissional, estes profissionais poderiam suprir carências localizadas do sistema de saúde, inclusive na atenção primária", revela o presidente do CFM. No cenário atual, como inexistem vagas de Residência Médica para todos, parte desses jovens médicos poderá permanecer por muito tempo ou por toda a vida profissional sem especialização.
POUCAS VAGAS NA UFPB
O diretor do Centro de Ciências Médicas (CCM) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Marco Antônio Barros, ressalta que o número é resultado de uma série de problemas, dentre eles infraestrutura precária e aumento das graduações em Medicina.
“Nós não temos vagas para todos os alunos. O ideal seria oferecer o número de vagas igual ao de graduados por ano, mas é necessário uma série de pré-requisitos para criar a especialização. Do ponto de vista estrutural, ficamos limitados, pois o Hospital Universitário (HULW) não tem serviços e recursos para criarmos as especializações”.
Outro fator apontado pelo médico foi o aumento das graduações na área. “Tivemos aumento desenfreado nas escolas de Medicina, mas as pós-graduações não seguiram o crescimento e isso sobrecarrega a residência”, afirma. Cerca de 100 alunos de medicina se formam por ano na UFPB, para 53 vagas para residência.
Fonte: JP

António Góis

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